Opinião

Falar de saúde mental é importante, mas não chega…

Texto: Cristina Nogueira da Fonseca Foto: Freepik @Drazen Zigic

A isto podemos chamar a grande exaustão.

Os números respeitantes ao consumo de substâncias e diagnósticos do espectro da saúde mental são alarmantes, e se por um lado nos trazem uma wake-up call, por outro torna-se claro que é importante fazermos mais com esta informação.

Numa tendência crescente, as empresas têm vindo a desenvolver ações e a construir alguns pacotes de benefícios que pretendem oferecer aos seus colaboradores ferramentas para a autogestão, no entanto mais de 12 mil pessoas (Global Business Collaboration for better Workplace Mental Health) assumem que não partilhariam com o seu manager os motivos que as levariam a ter de tirar time off  se estes estivessem relacionados com a sua saúde mental.

Falar sobre saúde mental não é aparentemente suficiente. Os estudos também nos indicam que apenas 22% acredita que o estigma em volta dos temas da saúde mental diminui na sua organização.

Falar sobre saúde mental é importante, mas é tão importante quanto resolver questões relacionadas com excesso de trabalho, dar mais autonomia, flexibilidade e gerir/ controlar managers tóxicos.

Pedirmos às nossas pessoas que sejam vulneráveis requer que tenhamos as pessoas certas para as ouvirem.

Não é só sobre a informação relativa a saúde mental, há que agir sobre as circunstâncias que lhe são favoráveis.

É importante a existência de um trabalho contínuo com as lideranças, potenciando-lhes as competências de empatia, compaixão, capacidade de ter conversas difíceis, competências para construção de um espaço onde as pessoas se sintam acolhidas, assim como o tempo que essas mesmas pessoas possam precisam para si.

Todas as intervenções são importantes, mas transformar a cultura, melhorando os ambientes e as circunstâncias de trabalho é não só um protetor como uma demonstração de respeito para com as nossas pessoas.

Temos de construir a casa pelas bases.

A base é uma cultura de empatia, acolhimento e segurança psicológica.

Só começando por aí, podemos ter uma cultura friendly para a saúde mental das nossas pessoas.

Cristina Nogueira da Fonseca
Docente, Coordenadora de Training para Executivos, Fundadora da Happytown Portugal


Happytown Portugal, fundada em 2016, é a primeira consultora portuguesa dedicada em exclusivo à felicidade e ao bem-estar nas organizações. Em 2024 continua com a missão de criar relações de confiança com os seus clientes, promovendo competências e edificando estratégias para o fortalecimento das pessoas e dos seus negócios.

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