Ficção biográfica realizada por Paulo Filipe Monteiro, «Zeus» é um filme sobre Manuel Teixeira Gomes, escritor e sétimo Presidente da República Portuguesa, natural de Portimão. Centra-se na sua demissão repentina do cargo e na partida para a cidade de Bugia, na Argélia, a bordo de um navio de carga chamado «Zeus».
Por Armindo Santos
Vi o filme em Portimão, a cidade de Manuel Teixeira Gomes, na companhia de meia dúzia de pessoas, no fim de uma tarde gloriosa de sol. Dei por bem empregue o meu tempo e por acertada a decisão; embora tenha ficado triste, triste por não ter obtido nem um niquinho de informação sobre o que teria sido o «maior» portimonense.
Afinal, o grande homem foi só – para além de turista – um presidente de uma república da banana: nem um governante se viu, e para além do ralhete que deu ao general Gomes da Costa e dos lamentos por não ter sido atendido por Afonso Costa, nada (passe o exagero) nos é dito sobre o seu mandato nem sobre o estado da Nação que dirigia.
Mais, não fica mostrado como se «fez» a personalidade tão singular daquele homem que conviveu com alguns ilustres do seu tempo. O que andou a fazer por Londres, como comerciou as amêndoas algarvias pelo mundo… Bem, cala-te boca!
Mas que os algarvios – e os portimonenses em especial – têm obrigação de ver este filme, ai isso têm! E vão gostar. Quanto mais não seja pela cena de sexo tirada do romance «Maria Adelaide», de 1938.
Nota:
Paulo Filipe Monteiro, sociólogo, professor universitário, argumentista e realizador, demorou oito anos a fazer o filme, não apenas por questões ligadas ao financiamento mas também por causa do trabalho de pesquisa. Esteve na Argélia, onde os biógrafos de Manuel Teixeira Gomes não foram, e em Bugia encontrou entre a população mais idosa quem se recordava do antigo presidente português, cuja personagem, no filme, é interpretada por Sinde Filipe (na imagem, numa cena em que o presidente janta com as filhas). Em declarações à Agência Lusa, em novembro passado, altura da antestreia nacional durante a primeira edição da «Mostra de Cinema Português de Hoje – Cine Atlântico», nos Açores (Ilha Terceira), Paulo Filipe Monteiro afirmou que pouca gente sabe que tivemos um Presidente da República assim, destacando a envergadura da personalidade e a autoria de uma obra literária marcada pelo erotismo. «Acho que é um caso único no mundo», assinalou. Trailer oficial abaixo.