O novo projeto pessoal de Luisa Amorim tem como principal missão explorar a diversidade dos terroirs da região do Alentejo.
Texto: Redação Human
É na Serra do Mendro, junto à Vidigueira, que renasce o projeto da Herdade Aldeia de Cima, um sonho antigo de Luisa Amorim. Os primeiros passos foram dados na vindima de 2017, altura em que começaram a ser desenhados vinhos com perfil distinto, caracterizados pela suavidade e elegância, verdadeiros embaixadores das castas indígenas (ou perfeitamente adaptadas) da região. Os primeiros exemplares da Herdade Aldeia de Cima são dois vinhos icónicos, Alyantiju Tinto 2017 e Alyantiju Branco 2017, e dois reservas, Reserva Tinto 2017 e Reserva Branco 2017 – que saem para o mercado no final de agosto.
«Sempre acreditei muito no Alentejo, uma região vinícola de enorme tipicidade e a única que reúne quase todos os tipos de solos existentes em Portugal», afirma Luisa Amorim. Um desses exemplos de diversidade é a Serra do Mendro, que separa o Alto do Baixo Alentejo e atinge o seu ponto mais alto na Herdade Aldeia de Cima, a 404 metros de altitude. Pertencente à unidade geomorfológica mais antiga da Península Ibérica e detentora de uma paisagem extraordinária, foi aqui que Luisa Amorim identificou um enorme potencial para plantar uma vinha em altitude, em patamares tradicionais de um bardo, em terras de xisto no Maciço Antigo Ibérico.
Assim nasce a primeira vinha e a mais entusiasmante de todo o projeto. A Vinha dos Alfaiates compreende 14 hectares e afirma-se como a única em patamares tradicionais plantada no Alentejo. Por compreender diferentes encostas e declives de 30 a 40% de altitude, foi dividida em 18 microterroirs e cultivada de forma a não agredir o ambiente com um espaçamento de 80 centímetros, ficando mais abrigada dos ventos da Serra do Mendro.
Além desta, foram também plantadas de raiz a Vinha da Família, Vinha de Sant ́Anna e Vinha da Aldeya, totalizando cerca de 20 hectares, processo que ficará concluído em 2020. A plantação é destinada a castas tintas e a brancas, iniciando a viticultura em produção integrada, que mais tarde será convertida em produção biológica. Para os vinhos tintos a aposta é dirigida às castas Alicante Bouschet, Trincadeira, Aragonês e o tradicional Alfrocheiro. Nos brancos, a escolha recai na Antão Vaz, típico da Vidigueira, o Arinto, o Roupeiro, Perrum e, ainda, as experimentais Alvarinho e Baga.
A par da diversidade na vinha, foi projetada uma nova adega com capacidade para 100 mil garrafas, onde se privilegia a tradição e a antiguidade através de diferentes formatos e materiais – Tinajas de Terracota, Ânforas Turtles, moldadas em pó cerâmico com estrutura de fibras naturais, cubas de cimento Nico Velo e balseiros de carvalho francês que, aliados às barricas de 500 litros, pretendem evidenciar e reafirmar a personalidade de cada vinho através da preservação de texturas e da frescura original da fruta.