O «CEO Survey 2021» da Stanton Chase Portugal revela que os executivos portugueses apresentam um nível de expectativas sobre a evolução da economia e dos negócios das suas empresas muito similar a 2020 e a 2019. Embora positivos, os resultados estão claramente abaixo do período de 2015 a 2018, indiciando que depois de um período de expectativas elevadas, existe desde 2019 um claro desencantamento.
O estudo decorreu em fevereiro passado e teve a participação de perto de duas centenas de chief executive officers (CEOs), general managers e country managers. Pelo décimo ano consecutivo, visa contribuir para um maior conhecimento sobre a realidade portuguesa, bem como auscultar as preocupações de líderes e gestores empresariais numa perspetiva corporativa, mas também pessoal.
De forma sintética e em termos comparativos com os últimos anos, pode realçar-se nos resultados o seguinte:
– A manutenção de um nível de expectativas similar a 2019 e 2020 quanto à evolução da economia portuguesa, o que significa um decréscimo claro (cerca de 40%) do otimismo face ao período de 2015 a 2018. O impacto da pandemia poderá explicar os últimos dois anos, mas não os resultados de 2019.
– Um ligeiro acréscimo face ao ano de 2020 das expectativas para os próximos dois anos no que se refere à evolução da economia portuguesa (de 61% para 66%) e da evolução do respetivo sector (de 70% para 74%). Já no que diz respeito à evolução dos negócios da própria empresa, existe um decréscimo de 75% para 73%.
– Os três fatores internacionais que mais poderão ajudar a economia portuguesa são os programas de vacinação Covid-19 (82%), os pacotes financeiros de recuperação (Bazuca) vindos da União Europeia (68%) e ainda a rápida retoma da procura nas economias mais afetadas pela pandemia (58%).
– Relativamente às principais linhas de orientação de negócio das suas empresas para o presente ano, os gestores revelam bastante menos ambição do que nos anos anteriores. A expansão desceu de 57% para 43% e a internacionalização de 20% para 18%, subindo a manutenção de 22% para 30% e a reestruturação/ downsizing de 7% para 15%.
– Ao nível da gestão de pessoas, e apesar do impacto da pandemia, as maiores dificuldades referidas pelos CEOs estão em linha com os anos anteriores, sendo o recrutamento do talento adequado (53%), o incentivo à motivação e ao compromisso dos colaboradores (35%) e a retenção de pessoas-chave (27%) as mais mencionadas.
– Paralelamente a esta visão, os gestores salientam que as competências a desenvolver centram-se na adaptação à mudança, na criatividade e na inovação, com 50%, no aumento das aptidões relacionais (soft skills), com 48%, e nas competências de liderança, com 44%. Face a 2019, realça-se a subida de seis pontos percentuais das competências relacionais (soft skills) e a descida de oito pontos percentuais das competências de liderança.
Em síntese, o «CEO Survey 2021) revela que os gestores das principais empresas do mercado nacional mantêm um nível de expectativas similar a 2019 e 2020, anos em que os resultados ficaram muito abaixo ao período de retoma «pós-Troika», o que indicia algum desencantamento com as soluções entretanto encontradas.
Os resultados do survey, assim como os quadros comparativos de 2012 a 2021, encontram-se acessíveis no site da Stanton Chase, aqui.