A head of people and talent da KLx, campus tecnológico do Grupo Crédit Agricole, fala de um projeto que continua a crescer e a aumentar a equipa em Portugal. Destaca a importância da formação contínua dos colaboradores para evoluir num mercado altamente competitivo.
Texto: Redação «human» Foto: DR
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Quais são os principais desafios no desenvolvimento do talento do Grupo Crédit Agricole?
Ao nível da KLx, o maior desafio que temos prende-se com a gestão entre as novas tecnologias e a força de trabalho existente, pois a área tecnológica é bastante dinâmica e está em constante evolução. Assim, uma vez que temos o talento na KLx, procuramos que esteja em constante aprendizagem e adaptação, através de iniciativas como formação contínua, cursos de línguas, workshops, talks temáticas, academias de reconversão, etc. Esta é, sem sombra de dúvida, a nossa vantagem competitiva: o quanto apostamos nos nossos colaboradores e no seu desenvolvimento, pois só assim conseguimos garantir a excelência da nossa equipa.
Esses desafios, em Portugal, têm especificidades, se pensarmos numa comparação com o que se passa nos outros países onde o grupo está presente?
O Grupo Crédit Agricole tem atividade em vários países, sendo que a KLx, enquanto parceiro de TI [tecnologias de informação] do grupo, encontra-se apenas em Portugal. Os nossos desafios, em relação às restantes empresas do grupo, são um pouco diferentes. Nós procuramos talento na área das TI, em contraste com a procura de talento dos sectores bancário e de seguros. Dito isto, o desafio é encontrarmos talento tecnológico de topo, num mercado que é globalmente muito competitivo. Portugal destaca-se por ter talento extremamente capacitado nesta área, além de continuar a formá-lo ano após ano. Além disso, o nosso país atrai muitas pessoas de topo do estrangeiro no que diz respeito às TI.
Neste campus tecnológico a formação está portanto eminentemente ligada a novas tecnologias…
Sim, a verdade é que focamos grande parte das nossas iniciativas de formação nas novas tecnologias, pois são cada vez mais valorizadas pelos nossos parceiros do Grupo Crédit Agricole e, de um modo geral, no mercado. Deste modo, fazemos um grande investimento interno, como por exemplo através de treinos de reconversão. Estas formações, agora a iniciar, pretendem dar aos trabalhadores a possibilidade de aprender novas linguagens de programação, como Java, ou fazer um upskilling das versões de linguagens de programação. Isto permite que possam ser integrados em mais projetos, tenham oportunidades de mobilidade interna e, dada a constante evolução da área, garantam a sua posição profissional no futuro.
Como conjugam esta formação com outros tipos de formação, nomeadamente ligados a soft skills?
Tal como nos importa o desenvolvimento de competências técnicas, também temos em conta a importância das soft skills. É nesse sentido que já implementámos dois percursos de desenvolvimento de competências, um focado em reforçar as skills de liderança das nossas chefias e outro orientado para reforçar o nosso delivery. Estes percursos trabalham áreas como a comunicação, a gestão de tempo, a inteligência emocional, o serviço ao cliente e a gestão de projetos, contando com a participação de cerca de 60 colaboradores cada. Depois, numa outra vertente, devido à multiculturalidade da nossa organização, que conta com mais de 15 nacionalidades, promovemos cursos de línguas para melhorar a comunicação entre todos. Neste momento, temos cerca de 100 colaboradores a frequentar aulas de Francês, Inglês ou Português.
Em que fase se situa a transformação digital do grupo? E que suporte tem dado o campus na preparação dos colaboradores?
O Grupo Crédit Agricole tem vindo a apostar na sua transformação digital, de modo a acompanhar a evolução da indústria e reforçar o seu futuro. Para isso, o grupo definiu um programa ambicioso, chamado IT 2025, que estabelece várias metas a atingir até 2025 e que já conta com resultados muito satisfatórios. Sendo a KLx um parceiro estratégico ao nível das TI, somos parte integrante da transformação digital do grupo. Procuramos adaptar-nos às necessidades dos nossos clientes em termos de tecnologia e estamos em constante adaptação para dar resposta a qualquer transformação que surja. O nosso principal objetivo é continuarmos a contribuir para esta transformação digital do Grupo Crédit Agricole, através do desenvolvimento de software e aplicações para o sector bancário e de seguros.
Pode falar de alguns dos projetos formativos que têm desenvolvido mais recentemente?
De momento, temos vários projetos a acontecer em simultâneo. No ano passado, demos início aos percursos de desenvolvimento de competências, já apresentados, que pretendemos relançar no próximo ano para que mais colaboradores, inclusivamente os que integraram a empresa há menos tempo, possam participar. Temos também quatro comunidades K-Tech ativas – Agile, DevOps, Java e Testing –, que são responsáveis por organizar eventos onde são debatidos e partilhados conhecimentos técnicos internamente. Além disso, como disse, financiamos cursos de línguas aos colaboradores e estamos também a iniciar as ditas academias de reconversão com o objetivo de atualizar os conhecimentos das nossas pessoas. Tudo isto junto faz com que a KLx esteja a investir cerca de cinco vezes mais do que a média das empresas de TI nacionais em termos de formação.
Que percurso tem sido o do campus?
A KLx começou como um projeto piloto em 2018. Em fevereiro de 2020, iniciou oficialmente atividade em Lisboa, no Parque das Nações, enquanto subsidiária do Grupo Crédit Agricole. Inicialmente, começámos por trabalhar apenas com um cliente e, após essa experiência ter corrido bem, fomos começando a trabalhar com mais organizações do grupo. Hoje já colaboramos com oito empresas do grupo, de cinco países europeus. Até ao final do ano, contaremos com dois novos clientes. Por outro lado, temos experienciado um crescimento bastante rápido no que diz respeito ao número de pessoas que trabalham connosco. Contamos já com mais de 500 trabalhadores, o que mostra que conseguimos atrair e reter talento.
O campus trabalha apenas para o grupo?
Sim, a KLx trabalha somente com o grupo Crédit Agricole. As nossas pessoas trabalham em estreita colaboração com as equipas de TI das diferentes empresas do grupo, com o objetivo de alavancar a transformação digital e desenvolver soluções adaptadas às necessidades de cada um dos nossos parceiros.
Quantas empresas serve o campus?
Neste momento, o campus trabalha, como referi, com oito empresas do grupo Crédit Agricole, número que tem vindo a crescer ao longo dos anos. Até ao final de 2023 contaremos com dois novos parceiros do grupo, um banco on-line e uma empresa dedicada ao desenvolvimento de soluções seguras de documentação digital.
Com que equipa contam? Como integram no campus colaboradores parceiros externos para a formação e o desenvolvimento das pessoas do grupo?
Neste momento, temos cerca de 500 trabalhadores, conforme assinalei. Para as formações, por vezes recorremos a pessoas ou entidades externas. Exemplo disso foi a parceria com a Iseg Executive School para a formação em Gestão. Sempre que achamos necessário e que traz valor recorrermos a pessoas ou entidades externas à organização, fazemo-lo para também trazermos novas perspetivas para a empresa.
Como olha para o seu desafio na gestão do capital humano na KLx?
A nossa equipa está em crescimento e orgulhamo-nos de ter integrado 500 pessoas em menos de cinco anos. O nosso objetivo é chegar à marca dos 750 trabalhadores antes do final de 2024, pelo que queremos continuar a recrutar e, principalmente, a reter o talento. A nossa gestão de capital humano foca-se no investimento diário nos nossos colaboradores e no seu bem-estar, através de benefícios, boas condições de trabalho e formação contínua que os ajude a desenvolver dentro da empresa e enquanto profissionais. De facto, acreditamos estar a fazer um bom trabalho nesta área, visto que desde o início do ano apenas 3% dos nossos colaboradores internos saíram da KLx.
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»»»» Sara Mendes é licenciada em Gestão de Recursos Humanos pela Escola Superior de Ciências Empresariais do Instituto Politécnico de Setúbal (IPS) e pós-graduada em Gestão de Recursos Humanos pelo Indeg-Iscte Executive Education. Com mais de 20 anos de experiência em recursos humanos, o seu percurso profissional centra-se em recrutamento, remuneração e benefícios, especialmente em empresas de trabalho temporário e consultoras. Atualmente, é head of people and talent na KLx, subsidiária do grupo Crédit Agricole, onde coordena uma equipa de cinco colaboradores e procura alavancar os processos de recursos humanos da empresa, bem como contribuir com iniciativas que fomentam o bem-estar das pessoas.