As nossas escolhas diárias

Como influenciam a saúde, a vitalidade e a produtividade

Texto: Márcia Miranda Imagem: DR

É comum associarmos o desenvolvimento de certas doenças, como o cancro, à genética. Contudo, a ciência moderna aponta para uma realidade mais promissora: a genética não é uma sentença definitiva. Na verdade, a epigenética, que estuda como o ambiente e o estilo de vida influenciam a expressão dos nossos genes, desempenha um papel fundamental na nossa saúde. Isto significa que as nossas escolhas diárias – como a alimentação, a atividade física, a gestão do stresse e a qualidade do sono – podem modificar significativamente o nosso estado de saúde ou, pelo contrário, contribuir para o aparecimento de doenças.

Estudos recentes, como o desenvolvido pela American Cancer Society, revelam que cerca de 40% dos casos de cancro e quase metade das mortes por esta doença são atribuíveis a fatores evitáveis. Entre os principais fatores de risco encontram-se o tabagismo, o consumo de álcool, a obesidade, o consumo de carnes processadas e a exposição a substâncias cancerígenas. É crucial entender que muitos destes fatores são modificáveis, ou seja, estão ao alcance das nossas escolhas diárias (ver aqui).

O cancro na Europa: um problema de saúde pública

Segundo dados da European Cancer Information System (ECIS), aproximadamente 3,9 milhões de pessoas são diagnosticadas com cancro todos os anos. O cancro é uma das principais causas de morte no continente, sendo responsável por cerca de 1,9 milhões de mortes anuais. A taxa de incidência tem vindo a aumentar, em parte devido ao envelhecimento da população, mas também devido a estilos de vida que promovem comportamentos de risco.

Em termos económicos, o impacto é devastador. O custo financeiro direto está estimado em mais de 100 mil milhões de euros por ano, sem contar com os custos indiretos relacionados com a perda de produtividade e o tempo de baixa médica.

Estima-se que, em média, cada trabalhador diagnosticado com cancro precise de uma baixa médica entre seis a 12 meses.

Os custos emocionais e familiares são igualmente avassaladores. O diagnóstico de cancro não afeta apenas o doente, mas toda a sua rede de apoio familiar, resultando em stresse psicológico, esgotamento emocional e, em muitos casos, dificuldades financeiras para fazer face a tratamentos que nem sempre são comparticipados pelo Serviço Nacional de Saúde (SNS).

No entanto, à luz do estudo que indica que 40% dos cancros podem ser evitáveis, há um forte apelo à prevenção. Mudanças nos hábitos de vida, como evitar o consumo de tabaco, álcool, carnes processadas e manter uma dieta equilibrada e rica em vegetais e fibra, reduzem significativamente o risco de desenvolver a doença.

Dicas para prevenir doenças oncológicas

1. Adote uma alimentação rica em alimentos e pobre em produtos (processados, refinados, etc) – Uma dieta baseada em alimentos, como frutas, legumes, cereais integrais e leguminosas, frutos secos, sémentes, tubérculos,  reduzem o risco de cancro. Evite o consumo excessivo de carnes processadas, pré-confecionados, refinados, fast food, açucarados, refrigerantes e alimentos ricos em gorduras saturadas.

2. Mantenha um peso saudável – O excesso de peso está associado a um maior risco de desenvolvimento de vários tipos de cancro, como o cancro da mama, do cólon e do rim. Controlar o peso através de uma alimentação equilibrada e da prática regular de exercício físico é fundamental.

3. Evite o consumo de tabaco e álcool –O tabagismo continua a ser uma das principais causas de cancro, especialmente do pulmão. O consumo excessivo de álcool também está relacionado com o aumento do risco de cancro do fígado, da boca, da garganta e do esófago.

4. Pratique atividade física regularmente – O exercício físico regular ajuda a manter o peso saudável, melhora a função imunológica e reduz os níveis de inflamação no corpo, fatores que contribuem para a prevenção do cancro.

5. Gestão do stresse: O stresse crónico está associado a um enfraquecimento do sistema imunitário e por sua vez ao aumento da probabilidade de desenvolvimento de cancro. Práticas como a meditação, a respiração consciente e o descanso adequado ajudam a reduzir os níveis de stresse e melhorar a saúde geral.

Conclusão

Prevenir o cancro é possível, e grande parte dessa responsabilidade está nas nossas escolhas diárias. Uma alimentação equilibrada, hábitos saudáveis e a atenção à nossa saúde podem não só reduzir o risco de desenvolver doenças oncológicas, como também melhorar significativamente a nossa qualidade de vida, tanto a nível pessoal como profissional. É essencial que cada um de nós assuma um papel ativo na prevenção, para garantir uma vida mais produtiva no presente, mas também para assegurar que ao chegarmos à idade da reforma possamos continuar a usufruir da vida com saúde, energia e qualidade.

Afinal, todos queremos viver mais, mas também viver melhor.

Márcia Miranda


Consultora bioquímica nutricional e especialista em naturopatia e nutrição celular. Ajuda a potenciar a saúde, o bem-estar e a alta performance no mundo corporativo. Pode acompanhar a sua atividade nas redes sociais aqui e aqui.

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