No meu calendário, depois de AC/DC, passou a haver um AP/DP: antes e depois da pandemia. Este período não só marcou eventos, mas também acelerou a transformação na relação das pessoas com o trabalho.
Texto: Christiane Liden Imagem: Freepik
A pandemia foi um catalisador de mudanças que já se anteviam, com a entrada de novas gerações no mercado, trazendo aspirações e valores distintos, aliada aos avanços tecnológicos e à globalização crescente do mercado de trabalho.
Sou brasileira de nascença, mas considero-me cidadã do mundo. Vivi em vários países, falo diversas línguas e a minha experiência permitiu-me entender a importância dos relacionamentos profissionais baseados em confiança e empatia.
Na era atual, a qualidade de vida e o modelo de trabalho são cruciais, especialmente no contexto da rápida transformação do mercado de TI (tecnologias de informação), impulsionada pela digitalização, pela inteligência artificial e pela automação. Embora ainda existam desafios quanto ao impacto do trabalho remoto nos resultados, é claro que este é um caminho sem retorno.
Atualmente, temas como imigração, diversidade étnica e cultural, modelos de trabalho e igualdade de género são essenciais para serem discutidos no ambiente corporativo. Acredito firmemente que a qualidade de vida e o modelo de trabalho devem ser valorizados em igual medida.
A pandemia demonstrou de forma clara a viabilidade e os benefícios do trabalho à distância e do modelo híbrido, transformando para sempre a maneira como trabalhamos. Ao longo dos últimos 15 anos, viajei bastante e adotei o modelo híbrido, o que me permitiu concluir estudos de pós-graduação e um MBA remotamente, com uma colaboração fantástica. O presencial tornou-se a exceção, e não a regra.
Na Havi, por exemplo, lidero uma equipa global de mais de 30 pessoas, espalhadas por diferentes países, e conseguimos manter um nível de engajamento excelente. Priorizamos entregáveis em detrimento da presença física ou das horas trabalhadas, enfatizando o engajamento da equipa e uma liderança ativa, que promove um forte sentido de pertença e bem-estar.
O modelo híbrido também me permite equilibrar o trabalho com os papéis de mãe, esposa e filha, preservando o bem-estar da minha família e valorizando o meu ecossistema de trabalho. Este modelo oferece não apenas tranquilidade e segurança, mas também vantagens financeiras, considerando que as oportunidades em cidades menores, com custo de vida mais baixo, são imensas em Portugal.
A transição para o trabalho remoto durante a pandemia evidenciou a nossa capacidade de manter alta eficiência e conexão, desde que haja uma liderança efetiva, sinergia de equipa e um ambiente inclusivo.
Independentemente do género, da cultura ou da localização, valorizamos a vulnerabilidade e a empatia como pilares essenciais para uma colaboração produtiva. Grandes empresas que alegam que o trabalho remoto não funciona, deveriam reconsiderar os seus conceitos de liderança, e não apenas os de trabalho/ localização.
No final do dia, o que realmente importa é a paixão pelos resultados e a capacidade de trabalhar em equipa. Focar nas competências e na entrega, sem se deixar influenciar por estereótipos, é fundamental para o sucesso. Com essa abordagem, continuamos a promover uma cultura de inclusão e alto desempenho, onde cada membro se sente valorizado e motivado a contribuir plenamente.
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Christiane Liden IT Director do HAVI TechHub
Christiane Liden, de signo Aquário, sempre foi apaixonada por explorar o mundo e diferentes culturas. O seu amor por viajar começou cedo, levando-a de mochila às costas por vários continentes e a abraçar a diversidade. Agora Portugal é o seu lar, onde continua a viver novas aventuras.
Mãe de dois rapazes e com um marido que define como tech-savvy, tem a família como o centro do seu mundo.
A sua jornada profissional tem sido tão diversificada quanto as suas viagens. Desde 2006, lidera equipas digitais com foco em inovação e energia positiva.
Acredita em trazer paixão e autorresponsabilidade a tudo o que faz, promovendo um ambiente de colaboração e crescimento.
Culinária, arquitetura e conectar-se com pessoas são outras paixões. Trabalhar em empresas incríveis fortaleceu o seu desejo de aprender e liderar com o coração, explorando novos horizontes e causando um impacto positivo.