Os três reservas da gama Quinta Nova são as mais recentes novidades da produtora duriense Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo. Marcados pela tensão e pela linearidade identitárias de um terroir irrepetível, são também ADN de uma propriedade bicentenária – ei-los, o monocasta, o blend e o blanc de noir.
Texto: Redação «human» Foto: DR
Os aromas varietais deixam pouca margem para dúvidas, e o Quinta Nova Reserva Touriga Nacional não é exceção. Fruto da vindima de 2022, e com nove meses de estágio em barricas de carvalho francês de segundo ano, o vinho nasce de uma parcela que corresponde às primeiras plantações monovarietais na região do Douro, um projeto pioneiro deste produtor. A cor profunda e os perfumes densos denunciam facilmente a casta que lhe dá origem – aromas que remetem ora para a delicadeza da violeta, ora para a flor de laranjeira, sem esquecer os omnipresentes frutos silvestres (mirtilos e amoras pretas). Em boca, a textura sedosa marcada pela camada de fruta negra e a suculência dos taninos já bem definidos pelo tempo. Frescura e mineralidade ajudam ainda a compor a experiência.
Fruto da harmonia de um quarteto de castas tradicionais no Douro – Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Roriz e Tinto Cão –, o Quinta Nova Reserva Terroir 2022 remete para a simplicidade e transparência do terroir da quinta centenária e dos terraços vinhateiros que marcam a paisagem. Cor intensa, densidade e aromas sedutores, com uma sofisticação que só a madeira de carvalho francês consegue aportar, são características intrínsecas a um vinho de estrutura musculada e textura suculenta. Tamanha força em copo só poderia produzir um final longo e tenso, digno de um vinho que reflete a identidade do terroir da Quinta Nova, dadas as uvas provenientes de diferentes parcelas e o blend de castas.
E se o ano de 2021 diz respeito à primeira colheita do Quinta Nova Blanc de Noir Reserva, a edição mais recente data de 2023 – é este um vinho onde o classicismo da matéria-prima se conjuga com o modernismo da enologia. O reserva branco, único e vanguardista no Douro, nasce de uma uva tinta: é preciso subir as encostas da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo para encontrar uma Tinta Roriz que, dada a altitude, beneficia de maior frescura e linearidade. O resultado traduz-se num vindo poderoso em boca e, ao mesmo tempo, delicado no nariz, onde notas cítricas andam de mãos dadas com a fruta branca de caroço – o aroma é complexo, vibrante e enigmático, até. Já o corpo é compacto, conciliando frescura com tensão, com um final de boca a sugerir presença.
Apesar das características distintas, os três vinhos têm a origem como denominador comum: são provenientes das 41 parcelas existentes na histórica Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, há 250 anos debruçada sobre o rio e com um terroir muito próprio.
Um saber antigo de gerações que constitui a inspiração para a criação de grandes vinhos
Na sub-região do Cima Corgo, os 120 hectares da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo abraçam a margem direita do Rio Douro – tradicionalmente mais solarenga e também mais valorizada – ao longo de 1,5 quilómetros, com uma mancha única de 85 hectares de vinha enquadrada no património mundial da UNESCO. Referenciada desde a primeira demarcação pombalina, em 1756, é uma quinta secular detentora de um terroir único e especial. Propriedade da Casa Real Portuguesa até 1725, tornou-se uma «quinta nova» pela junção de duas quintas numa só. Durante os séculos XVIII e XIX, viveram aí várias famílias portuguesas que deram vida à vinha e ao vinho, aos pomares de fruta (que, vedados por muros altos, eram uma das riquezas da propriedade, ainda hoje harmoniosamente enquadrados nos patamares de vinhas), à azenha junto ao antigo olival e à ribeira que atravessa a quinta, numa época importante na agricultura de subsistência do Douro. Data também de 1764 a adega, uma das mais antigas do Douro, um conjunto de edifícios tradicionais com largas portas de madeira por onde passavam as pipas de vinho do Porto para os carros de bois. Logo ao lado, a casa senhorial oitocentista (que hoje dá lugar à Winery House da Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo, membro da Relais & Châteaux, a única unidade a integrar a cadeia internacional no Douro), com a capela que data de 1765. A Quinta Nova de Nossa Senhora do Carmo Winery House tem 11 quartos, um restaurante – o Terraçu’s –, e muitos outros recantos únicos.