Entrevistámos Miguel Paiva, presidente do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde de Entre Douro e Vouga. Esta unidade tem integrado a metodologia DISC na área da saúde, através de programas internos de liderança e trabalho em equipa, desenvolvidos com a Seal Human Company.
Texto: Redação «human» Foto: DR
Qual foi a principal motivação para a Unidade Local de Saúde de Entre Douro e Vouga apostar no desenvolvimento das soft skills e da aplicação da metodologia DISC, no contexto da saúde?
As organizações modernas e bem sucedidas são aquelas que dispõem de equipas compostas por pessoas competentes, motivadas e envolvidas com o propósito institucional. Se a competência técnica é condição necessária, está longe de ser suficiente, pelo que é fundamental que saibamos trabalhar a cultura e o clima organizacional, conhecendo a individualidade de cada um dos elementos e procurando fazer o seu enquadramento no todo de forma a proporcionar o melhor resultado possível, seja para a organização, seja para os trabalhadores. O DISC é um poderoso instrumento para o conseguirmos.
De que forma o DISC tem contribuído para melhorar a comunicação e a cooperação entre equipas?
O DISC ajuda-nos muito em duas dimensões. A primeira é no conhecimento que nos proporciona do perfil comportamental de cada um dos nossos profissionais, permitindo-nos uma comunicação mais assertiva e orientada com ele. Permite-nos ainda uma estratégia de alocação de funções mais consentânea com esse mesmo perfil, o que potencia muito a sua performance profissional.
A segunda dimensão é precisamente a que permite ao próprio profissional fazer uma melhor interpretação do seu papel na equipa e compreender a forma de actuação e comunicação dos outros. Esse conhecimento é extremamente útil para que cada um se compreenda melhor a si próprio, mas também aos outros com quem partilha os desafios do trabalho.
Na sua opinião, que desafios específicos a metodologia DISC pode ajudar a resolver, no que respeita à gestão das pessoas e equipas, na área da saúde?
Ajuda em vários aspetos. Desde logo no próprio desenho dos perfis que pretendemos para cada missão específica. Dando um exemplo concreto, diria que se temos missões muito focadas no rigor da observância de detalhes e de normas precisamos de procurar pessoas com perfis C, enquanto se estivermos uma missão de expansão de negócio e conquista de novos mercados deveremos privilegiar perfis D ou I.
Por outro lado, se é importante para cada uma destas áreas ter pessoas com um determinado tipo de perfil, para que se criem as corretas sinergias numa equipa, é fundamental que se inclua perfis diferentes que permitam uma visão mais ampla da sua missão.
Por exemplo, uma equipa composta apenas por perfis D ou I é ótima para abrir novos mercados, mas se não estiver alicerçada no rigor das normas e dos detalhes, das pessoas com perfis C ou S, que dê consistência ao negócio, este pode estar condenado ao insucesso.
No entanto, esta complementaridade de perfis traz alguns desafios, por isso, como já referi, é importante adequar as pessoas às equipas, evitando choques desnecessários, quando se sabe que há elevada probabilidade de incompatibilidades em função dos perfis individuais de cada pessoa. Dispor do perfil DISC dos membros da equipa ajuda imenso na calibração dessas equipas.
Um terceiro aspeto que poderia referir é o seu uso pelas chefias para uma melhor e mais adequada comunicação com cada um dos elementos da equipa e com a equipa como um todo. Conhecendo os perfis de todos podemos, mais facilmente, adequar a comunicação à forma como a mesma é escutada e interpretada pelos elementos da nossa equipa.
Como tem sido a aceitação e o envolvimento dos profissionais de saúde com os programas in company da Seal Human Company/ DISC Talent Solutions?
O sector da saúde é, como se sabe, extremamente exigente, gerando elevados níveis de stresse nos profissionais. Nesse cenário de elevada pressão laboral, as iniciativas que robusteçam as competências relacionais, comunicacionais e de sentido de equipa são fundamentais. Os programas DISC a que temos recorrido têm sido muito importantes para fomentar o autoconhecimento dos nossos profissionais, experiência que os coloca perante uma visão completamente diferente da que tinham de si próprios e das dinâmicas grupais em que estão envolvidos. Por outro lado, os programas têm sido muito importantes para uma evolução das competências de liderança das próprias chefias, o que contribui de forma muito intensa para a melhoria do ambiente laboral e da performance das equipas. Temos tido uma experiência muito positiva em todos os projetos que implementámos.
Pode partilhar algum exemplo prático de como o DISC impactou positivamente a Unidade Local de Saúde de Entre Douro e Vouga. e o ambiente de trabalho?
Posso, por exemplo, partilhar o trabalho que fizemos no nosso serviço de compras, que esteve envolvido num programa DISC, o que permitiu que a reorganização da equipa tivesse sido suportada na compatibilidade dos perfis DISC de cada um dos elementos e na sua adequação à função concreta a que foram alocados. Outro resultado interessante foi a redução dos conflitos internos, pois as pessoas passaram a conhecer-se melhor e a compreender as reações das outras à luz dos respetivos perfis comportamentais, o que é extremamente interessante. Finalmente, o projeto ajudou a reforçar a confiança da liderança do serviço, dotando-a de uma capacidade melhorada de análise de cada um dos elementos da equipa, o que deu um boost importante à performance do serviço.
Nota: DISC – mais informações aqui; entrevista feita em colaboração com o SEAL GROUP.
»» Miguel Paiva é presidente do Conselho de Administração da Unidade Local de Saúde de Entre Douro e Vouga. Com sede em Santa Maria da Feira, o Centro Hospitalar de Entre o Douro e Vouga EPE, foi criado na sequência da publicação do Decreto-lei 27/2009, de 27 de janeiro, agrupando o Hospital de São Sebastião (Santa Maria da Feira), o Hospital Distrital de São João da Madeira e o Hospital São Miguel (Oliveira de Azeméis), com efeitos a partir de 1 de fevereiro de 2009. O centro hospitalar passou a ser responsável pela prestação de cuidados de saúde a uma população que ronda os 330.000 habitantes, residente nos concelhos de Santa Maria da Feira, Arouca, São João da Madeira, Oliveira de Azeméis, Vale de Cambra, Ovar e Castelo de Paiva (algumas freguesias).