A verdadeira melhoria do bem-estar passa, antes de mais nada, por garantir condições de trabalho seguras e saudáveis, o que destaca a importância da segurança e saúde no trabalho (SST).
Texto: Filipa Santos Imagem: Freepik
Nos últimos anos, programas de ‘wellness’ multiplicaram-se nas empresas, tendo como objetivo melhorar a saúde e a felicidade dos colaboradores. No entanto, estudos indicam que, em muitos casos, tais iniciativas têm um impacto limitado no bem-estar genuíno dos trabalhadores e não aumentam a sua felicidade de forma significativa. Surge, assim, uma nova preocupação: o fenómeno do wellbeing washing.
O wellbeing washing é uma prática em que as empresas promovem programas de bem-estar para projetar uma imagem positiva, sem que haja um compromisso genuíno com a melhoria das condições de trabalho. Em vez de investirem em mudanças estruturais que poderiam realmente beneficiar os colaboradores, algumas organizações focam-se em iniciativas superficiais que criam uma falsa sensação de cuidado. Esse movimento pode inclusive gerar o efeito contrário, levando à desmotivação dos funcionários que percebem a falta de autenticidade dessas práticas.
Nesse contexto, a verdadeira melhoria do bem-estar passa, antes de mais nada, por garantir condições de trabalho seguras e saudáveis, o que destaca a importância da SST. Políticas sólidas de SST envolvem, em primeiro lugar, a criação de um ambiente seguro e adequado do ponto de vista físico, incluindo medidas de prevenção de acidentes e ambientes ergonomicamente ajustados. Esse compromisso com a segurança física demonstra uma preocupação real com a qualidade de vida dos trabalhadores, dando-lhes a tranquilidade necessária para que se dediquem ao trabalho sem o receio de potenciais riscos.
A SST também abrange a saúde do trabalho, um aspeto fundamental para a criação de um ambiente corporativo verdadeiramente saudável e produtivo. A saúde laboral vai além da ausência de doenças e envolve a promoção de um estado completo de bem-estar físico, mental e social. Um dos pontos-chave para que a saúde do trabalho seja efetiva é o uso adequado de dados de saúde ocupacional. Ao monitorizar e analisar regularmente esses dados, as empresas podem identificar riscos de saúde que afetam os seus trabalhadores, como doenças ocupacionais, problemas ergonómicos e até fatores de stress que podem ser prejudiciais ao longo do tempo.
Esses dados são essenciais para entender tanto as necessidades individuais quanto as tendências coletivas. No plano individual, permitem identificar problemas específicos que o trabalhador possa estar a enfrentar, possibilitando a implementação de ações de saúde personalizadas e preventivas. Já no nível coletivo, os dados de saúde laboral permitem à empresa observar padrões de saúde que podem exigir mudanças mais amplas, como adaptações no ambiente de trabalho ou campanhas de consciencialização sobre determinados temas de saúde. Essa abordagem orientada por dados reflete um compromisso real com a saúde dos colaboradores e a sustentabilidade da força de trabalho. Em vez de oferecer soluções paliativas, a utilização de dados de saúde ocupacional permite uma visão integrada e proativa, ajudando a criar ambientes que promovem a saúde e o bem-estar de forma estruturada e eficaz, colocando as pessoas e as suas necessidades no centro das decisões organizacionais.
Dessa forma, o verdadeiro caminho para um bem-estar organizacional sólido envolve uma combinação de políticas autênticas de SST e uma gestão que coloca o ser humano no centro da estratégia empresarial. Além disso, ações de wellbeing sustentadas são essenciais para cultivar um ambiente de saúde real e duradouro. Quando essas iniciativas são pensadas de forma estratégica e contínua, promovem não apenas saúde física e mental, mas também um sentido de pertença e valorização, impulsionando o engagement e a satisfação de forma genuína e duradoura.

Filipa Santos, Diretora de Serviços Clínicos da Centralmed
Centralmed
A Centralmed é desde 1997 uma referência em segurança e saúde no trabalho (SST), segurança alimentar e formação profissional, visando a prevenção dos riscos profissionais e alimentares e promovendo a saúde dos trabalhadores e consumidores. É uma empresa autorizada pelo despacho conjunto da Direção Geral da Saúde (DGS) e da Autoridade para as Condições Gerais do Trabalho (ACT), de 27 de agosto de 2009, para a prestação de serviços externos de SST. Toda a sua formação profissional é certificada pela Direção-Geral do Emprego e das Relações de Trabalho (DGERT).