Hoje, quinta-feira, 20 de março, é o Dia Mundial da Felicidade. A propósito, a diretora executiva da Happytown Portugal, reflete sobre um tema que por vezes é atravessado por soundbites inspiracionais.
Texto: Cristina Nogueira da Fonseca Imagem: Unsplash/ Alex Alvarez
Vivemos a era das frases curtas e impactantes, onde a felicidade acaba não raras vezes reduzida a soundbites inspiracionais – «Sê positivo!», «Se queres ser feliz, sê!», «A felicidade está dentro de ti!», são mensagens, apesar de bem-intencionadas, simplistas e irresponsáveis.
No meio de tanto ruído, onde nos podemos inspirar sobre o que eficazmente contribui para uma felicidade duradora e sustentável? Na ciência.
A investigação em neurociência, psicologia positiva e sociologia demonstra, por exemplo, que a felicidade não é um sentimento fugaz, mas sim um equilíbrio entre as nossas emoções (a gestão que fazemos delas), os hábitos e as perceções que construímos ao longo da nossa vida. E que há três pilares que juntos contribuem para a edificação de uma felicidade genuína.
1. Relações
Somos do ponto de vista evolutivo seres sociais, e precisamente por isso as relações que cultivamos transformam-se num dos fatores mais impactantes para a nossa felicidade. O estudo sobre o desenvolvimento adulto realizado por Harvard, iniciado em 1938, que acompanhou mais de 700 pessoas por mais de 80 anos, concluiu que os relacionamentos saudáveis são o maior preditor de uma vida longa e feliz – mais do que dinheiro, fama ou sucesso profissional. Ter amigos, ser família e redes de apoio fortalece não só a nossa resiliência emocional, como também nos atribui uma sensação de pertença, até porque a solidão e o isolamento são stressantes.
2. Propósito e significado
Não nos cruzaremos com a felicidade plena, nos nossos momentos de prazer, mas na sensação de que nossa vida tem propósito. Profissões e tarefas que nos desafiam positivamente, atividades voluntárias contribuindo para os outros, são fatores impulsionadores de uma vida mais satisfatória. Por exemplo, a teoria do Ikigai, originária no Japão, sugere que encontrarmos o equilíbrio entre o que amamos fazer, o que somos bons a fazer, o que o mundo precisa e pelo qual podemos ser pagos para fazer, conduz a uma felicidade mais sustentável.
3. Gratidão
O modo como acolhemos e convivemos com as nossas emoções também desempenha um papel crucial na nossa felicidade. Rotinas que promovam a atenção plena (mindfulness) ajudam não só a reduzir a ansiedade e o stress, como contribuem para uma sensação de bem-estar mental. Também a prática da gratidão pode aumentar significativamente os níveis de felicidade – pessoas que apontam regularmente os momentos, as razões e as oportunidades pelas quais são gratas apresentam maior satisfação com a vida e menor sintomatologia depressiva.
A felicidade não é uma loja que nunca fecha
Outro dos perigos destes soundbites motivacionais é a aparente ideia de que é importante que estejamos sempre felizes e que caso assim não seja, temos de fazer para isso. Só que a felicidade flutua e os momentos de tristeza, frustração e medo são normais e mesmo necessários. A vida é desafiante e as emoções que a acompanham também.
A felicidade é construída diariamente, é um probiótico, que nutrimos na forma como cuidamos das nossas relações, procuramos significado no que fazemos e fortalecemos as nossas competências emocionais para lidar com os altos e baixos da vida.
Viver com felicidade é saber que a dor faz parte da jornada e que não podemos deixá-la ser maior do que a nossa capacidade de continuar.

Cristina Nogueira da Fonseca, Docente, Diretora Executiva da Happytown Portugal
A Happytown Portugal, fundada em 2016, é a primeira consultora portuguesa dedicada em exclusivo à felicidade e ao bem-estar nas organizações. Em 2025 continua com a missão de criar relações de confiança com os seus clientes, promovendo competências e edificando estratégias para o fortalecimento das pessoas e dos seus negócios.