Um projeto inovador para o mercado empresarial e que já leva mais de uma década. Tendo como base a música, Bruno Marcelino desenvolveu com a sua equipa um conceito de team building que coloca os colaboradores no centro do palco. «Porque eles são as estrelas», diz.
Texto: Redação «human» Foto: DR
Como olha para o projeto da SmartFox, passados vários anos de atividade da empresa?
Tem sido um caminho incrível. Ainda me lembro como se fosse ontem do primeiro teambuilding musical que fizemos, como prova de conceito. Foi há mais de 10 anos. Fomos pioneiros na nossa abordagem de criar músicas originais com os colaboradores da empresa, como forma de criar espírito de equipa e desenvolver a comunicação e a motivação. Ninguém fazia nada disto, nem em Portugal nem nos Estados Unidos ou no Reino Unido. Trabalhavam com música, mas os colaboradores não estavam diretamente envolvidos no processo criativo. E levavam já músicas preparadas. A nossa abordagem sempre foi trazer os colaboradores para o centro do palco, porque eles são as estrelas. A metodologia foi sendo refinada, fomos melhorando o processo, mas a base, essa, é a mesma: criar um tema musical de raiz (música e letra) com os colaboradores da empresa. Tudo é criado no momento, num processo criativo imersivo e experiencial. E nunca levamos nada preparado, é tudo feito no momento em cocriação com os participantes.
O que esteve na base do projeto?
Comecei muito cedo o meu interesse pela música, a tocar guitarra, mais tarde piano e de seguida composição musical e música para cinema e videojogos. Por outro lado, a minha formação académica de base é Engenharia Informática, o que me levou a trabalhar como gestor de projetos durante vários anos em contexto multinacional de escritório, contactando com os desafios de comunicação e motivação das equipas. Experienciei várias realidades e culturas muito diferentes em Portugal, Moçambique, Alemanha, República Checa, Espanha, França, Ucrânia e Holanda, gerindo equipas de várias dimensões e áreas técnicas diferentes. A dada altura tive a ideia de juntar os dois mundos: trazer a música que tanto me apaixona, e os seus benefícios enquanto ferramenta criativa e de união e comunicação, para a realidade empresarial que tão bem conhecia. E assim demos início a um conjunto de testes com grupos mistos com elementos de várias empresas. O resultado foi incrível e começámos a apresentar a algumas empresas.
Há algum momento da história da empresa em que a vossa atividade tenha dado um salto verdadeiramente assinalável?
O arranque foi difícil. Era uma abordagem nova, inovadora, não havia nada assim em Portugal. Não éramos conhecidos e não tínhamos uma grande força comercial; e as empresas, apesar de adorarem o conceito na teoria, tinham receio de fazer algo tão fora da caixa. E como continuava em paralelo a desenvolver trabalhos de consultoria e gestão de projetos, o progresso era mais lento. Penso que não houve um momento de viragem único. Foi um processo gradual, com vários marcos. Começámos a fazer mais eventos, a fazer crescer a equipa e a investir mais em marketing. Surgiram eventos de maior dimensão, com empresas conhecidas e de referência, nacionais e multinacionais, e tornámo-nos aos poucos a referência para o teambuilding musical. O apoio da revista «human» na divulgação do nosso trabalho foi também muito importante, nomeadamente na divulgação do case study da Delta Cafés.
O trabalho de team building que desenvolvem é a vossa principal aposta?
Sem dúvida. É o que mais nos apaixona e desafia, aquele em somos mais diferenciadores e o que mais nos pedem. Além disso, criamos todo o tipo de eventos com música, desde animação de welcome drinks, jantares e almoços, conferências, criação de jingles para novos produtos ou serviços, e até bandas sonoras para vídeos institucionais. Mais recentemente, temos trabalhado com empresas de recursos humanos em parceria no desenvolvimento de programas de desenvolvimento de equipas, semestrais, em que a música é usada como forma de sedimentar competências e comportamentos de uma forma divertida, motivadora e sem resistências, complementada com formação tradicional em sala. Dentro do Grupo Smartfox, temos também outra área relacionada com som e acústica, que é a Smartfox Acoustics, dedicada ao fabrico e à instalação de painéis acústicos para eliminar o eco e o ruído em qualquer espaço.
Que formas assume esse trabalho e com que tipo de empresas colaboram?
Trabalhamos com todo o tipo de empresas, de todas as áreas e dimensões, nacionais e multinacionais. Tanto nos contactam para trabalhar com uma equipa ou um departamento específico como para fazer dinâmicas para toda a empresa (kick-off ou aniversário de empresa). O que mais nos pedem é a criação de um hino de empresa – criação de uma música original –, juntamente com um videoclip musical que regista o momento em formato making-off. Entregamos sempre uma gravação digital do tema criado e interpretado pelos colaboradores. É algo que tem um impacto muito positivo, reforça os efeitos positivos da ação e ajuda a perdurar no tempo.
Qual é a importância da música nos projetos?
A música é uma ferramenta de excelência não só para diversão e motivação, como para trabalhar competências, valores e comportamentos importantes para a organização e criar união e sentido de pertença. Quando usamos a música, é como se não estivéssemos realmente a trabalhar, é pura diversão, mas com resultados concretos e palpáveis.
Há outras áreas criativas que exploram?
Fazemos também teambuilding culinário. Trata-se de uma metodologia semelhante, mas em que os colaboradores têm de criar uma refeição em conjunto. E no final almoçam o que criaram. Há vários casos em que o cliente opta pelas duas no mesmo dia: criar uma música e de seguida fazer a dinâmica culinária.
Como têm sido as respostas dos decisores das empresas?
O feedback é muito gratificante. Não só dos decisores como de todos os participantes, que frequentemente nos abordam no final da ação para expressar emocionados a satisfação por ter participado na experiência. Sobretudo, há um sentimento de surpresa. Na realidade, não imaginavam que conseguiriam criar uma música de raiz, e que não só soa bem como fica no ouvido. Já tivemos diretores e administradores de empresas a não conseguirem conter uma lágrima de emoção no discurso de encerramento, de tão emocionados que estavam por ter participado e assistido à entrega, ao envolvimento e aos resultados alcançados pelas suas equipas, em apenas três horas. Também é muito interessar contactar com as empresas alguns meses mais tarde e ter o feedback das mudanças positivas que o teambuilding musical gerou nas suas equipas.
Que proposta de valor acreditam levar para o mundo corporativo?
Vivemos tempos muito desafiantes. O sentido de pertença e de união, a comunicação que cada vez é mais digital e individualista… hoje os colaboradores tendem a procurar e a valorizar muito mais uma empresa que os consiga motivar e dar um sentido de propósito do que propriamente apenas a componente financeira. Acredito que o nosso trabalho é um modesto contributo nesse sentido. Damos atenção e envolvemos cada colaborador, cada participante sente-se especial e é reconhecido pelo seu papel individual, mas também como parte de uma equipa com valores e um propósito.
Como perspetivam o futuro da vossa atividade?
Acreditamos que é uma área em franco desenvolvimento. Temos provas dadas e trabalho feito, mas parece que estamos ainda a começar. As empresas são feitas de pessoas, e este tipo de ações é crítico para combater a estagnação, motivar e desafiar as equipas e reforçar valores e comportamentos adequados à cultura da empresa, ajudando também na retenção de colaboradores – um desafio crescente nos dias de hoje.
Refiro ainda a minha equipa Smartfox, que muito tem contribuído para o sucesso desta empresa. A nossa metodologia é única e realmente importante, mas são as nossas pessoas, pela sua dedicação, pelo know-how, pela motivação, pela criatividade e pela excelência, que acarinham e envolvem os colaboradores nas várias dinâmicas e fazem sobressair o melhor de cada um e contribuem decisivamente para os momentos especiais que temos criado junto das várias organizações com que trabalhamos. Penso que posso falar por toda a equipa quando digo que nos sentimos realmente abençoados por poder fazer este trabalho e de coração cheio com o feedback incrível que temos recebido em cada ação, em cada empresa, de cada colaborador.
»» Bruno Marcelino é marketing and sales da SmartFox – Corporate Events and Music-based Teambuilding Activities, uma empresa que há mais de 10 anos vem desenvolvendo eventos e ações de teambuilding inovadoras e memoráveis com recurso à música, com empresas das mais diversas áreas, da banca às tecnológicas, passando pelas farmacêuticas, e com grupos que vão desde os 12 aos 5.000 participantes. Além da música, há o teambuilding culinário, numa metodologia semelhante, só que com os colaboradores a criarem uma refeição em conjunto. Na empresa existe ainda uma área relacionada com som e acústica, a Smartfox Acoustics.