Um brinde ao outono

Vinhos da Península de Setúbal com novas referências de tintos

Texto: Redação «human» Imagem: DR

As novas referências, aqui sugeridas, são todas de vinhos tintos, categoria predominante na região, que apesar de ser conhecida como a terra do Moscatel vê no vinho tinto a sua maior produção. Na Península de Setúbal, nos últimos cinco anos, foram certificados 136.199.839 litros de vinho tinto, o que corresponde a 70% da produção total da região, apesar do notório crescimento que os vinhos brancos e rosados estão a ter. Aí estão plantados 5.643 hectares de castas tintas, o que corresponde a 70% da produção total. Entre as castas tintas, a que historicamente tem maior predominância é o Castelão com 3.596,1 hectares, o que corresponde a 64% da superfície total de castas tintas. A segunda casta com maior relevância é a Syrah, a ocupar 537,8 hectares, o que corresponde a uma percentagem de 6,7%, seguida da Alicante Bouschet com 433,5, correspondendo a 5,4%.

A mostrar a polivalência desta categoria na região, são sugeridas seis novas referências que prometem ser a harmonização ideal para os dias mais frios desta estação.

Da Casa Ermelinda Freitas, uma das mais recentes novidades é o vinho Bocage Red Blend 2022. Um vinho irreverente, atrevido como o poeta romântico de Setúbal, Manuel Maria Barbosa l’Hedois du Bocage, que dá nome ao mesmo. É um vinho mais jovem, mas ao mesmo tempo guloso e intenso. Mostra-se concentrado, rico em taninos de boa qualidade, muito complexo e cheio na boca, com aromas a lembrar frutos pretos muito maduros e especiarias, bem conjugado com a madeira que lhe dá um toque de baunilha. O seu final de boca é persistente e prolongado, acompanhando na perfeição com todos os pratos de carne, queijos e enchidos.

Da José Maria da Fonseca, produtora que celebra este ano o seu 190º aniversário, surgem duas estreias da Colecção Privada Domingos Soares Franco com o lançamento do DSF Castelão 2015 e DSF Syrah 2021. Esta gama de vinhos reflete o caráter experimentalista do enólogo Domingos Soares Franco e traduz na perfeição a paixão, o espírito criativo e a dedicação que Domingos impõe nas suas criações, para uma experiência autêntica.

Resultado do compromisso e da importância que a casta tem para a José Maria da Fonseca, um monovarietal 100% Castelão não poderia faltar nesta coleção. Com uma produção de 6.000 litros, o Colecção Privada DSF Castelão 2015 é um tinto de tom vermelho carregado e laivos acastanhados. No nariz, é possível notar aromas a eucalipto e especiarias, assim como, o seu lado mais elegante e perspicaz. Já no paladar, apresenta-se como um vinho rústico, com boa acidez e equilibrado. Os taninos estão presentes, mas suaves, sendo um vinho com excelente potencial de guarda, de 15 anos após o engarrafamento.

Em conjunto com a casta tinta de eleição na região de setúbal, o segundo lançamento é o Colecção Privada DSF Syrah 2021. De tom vermelho profundo, apresenta aromas a frutos pretos como mirtilo, bergamota, amora silvestre e especiarias. No paladar, mostra-se aveludado, equilibrado, frutado e com alguma pimenta preta. Possui uma boa acidez e taninos presentes, embora suaves. Com 9.000 litros produzidos, é igualmente um vinho com longevidade.

Próximo da Arrábida encontram-se também as vinhas da Quinta de Catralvos, plantadas na encosta da Serra da Arrábida apenas a quatro quilómetros do Oceano Atlântico e beneficiando da sua influência. Daqui surgem duas novidades, ambas feitas exclusivamente a partir da casta Castelão e com dois perfis distintos: o Tojo Unoaked 2023 e o Tojo Clarete 2023. O Tojo Unoaked 2023 apresenta-se como um vinho de cor rubi fechado, aroma com fruta vermelha madura e cristalizada e ligeiro alecrim. Na boca é um vinho estruturado, mas simultaneamente elegante, aromático e com taninos suaves. Com uma produção de 5.000 garrafas, tem um final muito longo e salgado. Deve ser servido fresco a uma temperatura de 12ºC; já o Tojo Clarete 2023,com uma produção de apenas 1898 garrafas, mostra-se com um aroma fresco com notas de fruta vermelha e pólvora. Na boca é muito elegante, aromático e com taninos suaves. Tem um final longo e agradável. Ambos os Castelões harmonizam com sardinhas assadas, carapaus fritos e diversos pratos de comida regional ou tempuras.

Entre os concelhos de Alcácer do Sal e Grândola, situa-se a Herdade da Comporta, de onde foi lançado recentemente o Comporta Castelão 2020. De cor granada, apresenta notas de fruta vermelha madura e especiarias. Na boca revela-se fresco, suave e elegante, sendo o acompanhamento ideal para pratos de caril e cataplanas de tamboril.

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