Recrutamento nas redes sociais

O novo jogo do mercado de trabalho

Texto: Filipa Pires Imagem: Freepik/ creativeart

Podemos dizer que houve uma mudança dos papéis tradicionais. Antes, o recrutador tinha o poder de controlar o processo, de iniciar e fechar o ciclo de interação. Hoje, com o uso massivo de plataformas como o LinkedIn, o controlo está, em grande parte, nas mãos dos candidatos. Eles têm a liberdade de construir e editar as suas narrativas profissionais, decidir o que partilhar e até mesmo criar uma imagem pública do seu trabalho, das habilidades, dos gostos, das tendências.

O candidato agora é responsável pela gestão da sua presença on-line, escolhendo destacar determinadas experiências, competências e projetos. Tem mais o poder de decisão.

O facto de em algumas áreas estarmos em pleno emprego ajudou a inverter o controlo do processo e da decisão. Cabe por isso ao recrutador ser mais estratégico e criativo, tornar-se apelativo e conseguir ele também captar a atenção do mercado. A criatividade é a competência de «ordem» para ambos os papéis, onde cada um tem de criar um «perfil» de atração.

Estas novas ferramentas vieram tornar o recrutamento mais dinâmico e fluido, já que as informações sobre os candidatos não se limitam a um currículo estático. Oferecem uma visão mais abrangente, proporcionando uma avaliação mais rica e multidimensional com respostas imediatas, garantindo uma maior agilidade logo no primeiro step do processo. O primeiro filtro é feito numa troca de mensagens onde se faz logo um check control.

A globalização e a agilidade proporcionadas pelas redes sociais tornaram o processo muito mais acessível e eficiente numa escala global, permitindo que as empresas encontrem talentos de diversas culturas e regiões, enquanto os candidatos ganham acesso a oportunidades além das fronteiras locais. Veio acelerar a multiculturalidade nos contextos de trabalho.

O aumento da visibilidade e a maior projeção de imagem fazem das plataformas um verdadeiro campo de benchmarking, onde os candidatos «negoceiam» o seu valor de mercado, comparando-se com outros e ajustando a sua posição em relação às ofertas disponíveis. Contudo, tornando o seu compromisso com as empresas mais vulnerável e agudizando uma maior rotatividade.

Apesar desta maior visibilidade proporcionada pelas redes sociais, o recrutador também enfrenta o desafio de lidar com uma certa imprecisão nas informações. A perceção sobre o perfil de um candidato nem sempre corresponde à realidade, pode criar imagens mais subjetivas e distorcidas, nas quais o recrutador pode basear as suas decisões, pode ficar mais perto da perceção e mais longe da verdade.

Por isso, o recrutamento nas redes sociais exige mais atenção e discernimento. O recrutador deve saber como interpretar as informações e realizar uma análise cuidadosa do perfil on-line do candidato. A capacidade de fazer perguntas precisas durante uma entrevista é agora mais crucial.

Em última análise, as redes sociais democratizaram o acesso ao mercado de trabalho, oferecendo novas formas de visibilidade e conexão, mas tornando o recrutamento um processo mais funcional e menos emocional.



Filipa Pires
, Managing Partner da Pessoas e Sistemas


A Pessoas e Sistemas, consultora de recursos humanos cujas origens remontam a 2005, nasceu de um conjunto de vontades de quem já tinha uma carreira sólida na área da gestão de pessoas e estava disposto a partilhar a experiência com outras empresas. Assim, o tempo é dedicado às pessoas, aquelas que gerem, que operacionalizam, que decidem, que mudam, que criam. E também aos processos, à forma de fazer. É nesta dualidade, entre pessoas e processos, que está a razão de existir da Pessoas e Sistemas, onde se acredita que sinergia entre os dois torna as empresas mais eficientes.

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